A casa onde viveu a artista Elke Maravilha, localizada na Fazenda Cubango, será desmontada e reconstruída no distrito de Ipoema, em um futuro espaço cultural dedicado à sua memória.
A iniciativa resulta de uma negociação da Prefeitura de Itabira com a Vale, responsável pelo custeio do projeto, que prevê a criação da Casa de Cultura e do Memorial Elke Maravilha.
Preservação histórica
Para garantir a preservação do patrimônio, a Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural fará um inventário completo dos elementos arquitetônicos da residência, sob supervisão da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU).
A arquiteta Daniela Motta, da SMDU, ressaltou o valor histórico da construção:
“É uma casa do início do século XX, de arquitetura simples e rural, mas cheia de significado. Ela representa o modo de vida do interior do Brasil naquela época. Pretendemos preservar telhas, portas, janelas, madeirame, tábuas corridas, o forro e, se possível, o piso de ladrilho hidráulico.”
Processo de desmontagem
Segundo Gilmara Aparecida Afonso, diretora de Patrimônio Histórico e Cultural, a desmontagem será feita com extremo cuidado, etapa por etapa, com toda a estrutura fotografada e catalogada peça por peça.
“Todo o material será armazenado em local seguro, para ser futuramente remontado em Ipoema. A ideia é transformar a casa em uma Casa de Cultura, dando continuidade à história de Elke Maravilha.”
O projeto prevê que a reconstrução reflita fielmente a época em que Elke viveu na residência.
Achados históricos
Durante o levantamento, a equipe encontrou alguns móveis originais da época em que Elke e sua família habitaram a casa.
“Foi um achado precioso. Esses móveis já foram inventariados e estão armazenados em segurança em Ipoema, para fazerem parte da remontagem do memorial”, destacou Gilmara.
Valor simbólico e memória afetiva
O prefeito Marco Antônio Lage destacou que Elke viveu sua infância na Fazenda Cubango após chegar da União Soviética, no pós-Segunda Guerra Mundial.
“É uma belíssima casa de fazenda do início do século XX, construída com madeira de lei e barrotes de braúna, e que se mantém praticamente intacta. Vamos desmontá-la e remontá-la seguindo todos os critérios técnicos. A casa será instalada em Ipoema, lugar que a Elke considerava sua terra natal.”
O prefeito também ressaltou que o projeto homenageará não só a artista, mas também as famílias que marcaram a história da Fazenda Cubango, como a do antigo proprietário, Senhor Amintas.
Inclusive, a jabuticabeira centenária da propriedade será replantada para recriar o cenário original.
Relato pessoal do prefeito
Durante visita à Fazenda Cubango, Marco Antônio relembrou momentos de convivência com a artista:
“A Elke costumava frequentar Ipoema e, em algumas ocasiões, se hospedava na minha fazenda, a Boi Tempo. Lembro que, certa vez, ela comentou que já não tinha mais onde guardar seu acervo de vestidos, colares e outras indumentárias. Sugeri criar um museu da Elke em Ipoema, mas ela respondeu, com seu jeito único: ‘Não, só depois de morta’.”
Segundo o prefeito, a ideia de um memorial surgiu há cerca de 10 anos, quando ele ainda não ocupava cargo público.
“Agora, a casa será reconstruída em Ipoema para abrigar o memorial dessa artista tão grandiosa. É um sonho antigo, e tenho certeza de que a Elke estaria muito feliz com essa homenagem.”